Antes de falar a respeito da detecção das ondas gravitacionais, é de grande relevância voltar alguns mil anos antes de Einstein e demonstrar resumidamente como se deu a evolução das teorias dos astros. Sabe-se que desde os pré-socráticos, como Tales de Mileto, questionou-se de quais elementos o mundo era feito, quais as principais propriedades desse lugar chamado terra. Orientais também questionavam a respeito desse tema, Salomão, o homem mais sábio segundo a bíblia também tinha seus conhecimentos e declarações a respeito da terra e das propriedades que nela circulam. Os hindus por sua vez se denominavam como fragmentos de seres supremos, os egípcios se diziam deuses e assim por diante. É longa a lista de relatos em fragmentos ou livros inteiros a respeito de homens “religiosos” e seus questionamentos sobre o nosso planeta e o sistema que estamos imergidos.
Com o tempo essa curiosidade humana deixou de ser algo mitológico, e se tornou algo filosófico, Platão com a sua teoria do mundo ideal, nos dizia que todas as coisas reais são reminiscências ou cópias de um mundo ideal através da nossa percepção. Aristóteles propunha que existiam 5 elementos, onde 4 deles eram terrestres, fogo, água, ar e terra e o éter era imutável e estava acima da terra (supralunar). Para ele a terra estava no centro do universo e os planetas até então descobertos giravam em torno da terra em círculos perfeitos. Ptolomeu em sua obra ‘Almagesto‘ (O Grande Tratado) sintetiza algumas observações de vários filósofos anteriores referente a astronomia.
Vamos pular a idade média, que muitos a chamam de idade das trevas, com certeza esses que assim chamam não tiveram tempo suficiente para estudar o que se construiu nessa idade nada negra e como a virada para a idade moderna se deu através de filósofos e pensadores que nela viveram. Em outro momento abordaremos esse tema com mais profundidade, mas você pode ler ‘Escola de Alexandria‘ para ter algumas informações.
Direto ao ponto, Albert Einstein previu em sua Teoria Geral da Relatividade que a fusão de dois buracos negros supermaciços poderiam gerar um evento extramente violento, esse “impacto” seria a origem de ondas gravitacionais. Mas de que importa para nós, seres humanos, o que se passa tão distante, dentro ou fora da nossa galáxia?
Para responder a essa pergunta eu indico “Breve História do Tempo – Do Big Bang aos Buracos Negros” de Stephen Hawking. Lá você entenderá a importância de se saber o quanto a nossa galáxia está se expandindo, como podemos compreender a nossa origem através de observações estelares, aonde vamos parar, se é que isso um dia irá acontecer, transporte no tempo, dentre outras respostas plausíveis que nos dão uma boa visão de onde estamos inseridos.
Os pesquisadores do Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro Laser (Laser Interferometer Gravitational-Wave Observatory – LIGO) dos EUA, anunciaram no dia 11 de fevereiro que seus cientistas captaram ondas produzidas pelo impacto de dois buracos negros, essa foi a primeira detecção direta que confirma mais esse ponto da teoria de Einstein. Em 14 de setembro o primeiro sinal foi captado pelos detectores da experiência, era a fusão que ocorreu há 1,3 bilhão de anos, uma violenta fusão de dois buracos negros com uma massa em torno de 33 vezes maior que a do sol. Em uma fração de segundo, uma massa equivalente ao triplo do Sol foi liberada na forma de ondas gravitacionais, um processo perfeitamente descrito na equação mais famosa do mundo: E = m.c² (energia é igual a massa vezes velocidade da luz ao quadrado).
Com a descoberta das ondas gravitacionais é possível estudar os buracos negros como objetos mais palpáveis e visíveis. Nas palavras de Alicia Sintes, física da Universidade das Ilhas Baleares (UIB) e líder do único grupo espanhol envolvido na experiência, nossos ouvidos agora começam a escutar “a sinfonia do universo”. “É uma descoberta histórica, que abre uma nova era na compreensão do cosmo”, ressaltou.
A equipe de Alicia Sintes realizou simulações para reproduzir os fenômenos que as ondas poderiam produzir, conforme a Teoria da Relatividade. As simulações foram comparadas com a frequência do sinal captado no LIGO, assim foi possível saber o que exatamente aconteceu, qual a fonte das ondas e a que distância se encontra. “É parecido com esses aplicativos que escutam uma música num bar e dizem o artista e o nome da canção, mesmo que haja muito ruído ao redor”, explica Sascha Husa, pesquisador da UIB e desenvolvedor das simulações. “Exceto pelo Big Bang, as fusões de buracos negros são os fatos mais luminosos do universo”, afirma.
A notícia da detecção de ondas gravitacionais, a última peça que faltava no quebra-cabeça da Teoria da Relatividade Geral de Einstein, chacoalhou o mundo científico. Entre os cérebros que se manifestaram para falar sobre a descoberta está o físico teórico Stephen Hawking, de 74 anos, afirmando que a revelação abre portas para “uma nova forma de olhar o universo”.
Em entrevista à BBC, o cientista afirma que a possibilidade de detectar estas ondas, emitidas por grandes movimentos e cataclismos no universo, pode mudar a astronomia. Ela abre espaço para medir fenômenos e objetos que antes não poderiam ser observados.
“Poderemos ver buracos negros ao longo da história do universo e, inclusive, ver vestígios do universo primordial, durante o Big Bang, graças às ondas gravitacionais”, ele explica durante a entrevista.
Em publicação em seu perfil no Facebook, ele também complementa:
“Estas observações experimentais são consistentes com meu trabalho teórico com buracos negros dos anos 1970. Como físico teórico, passei minha vida contribuindo para a compreensão do universo. É empolgante ver as previsões que fiz há 40 anos como a área do buraco negro serem observadas enquanto ainda estou vivo”, afirmou.
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