O seriado Breaking Bad destaca a “honra” de um pacato professor de química do ensino médio, com uma vida mais pacata ainda, distribuía as horas do seu dia entre a família e o trabalho. Esta frase parece não declarar valores ou conceitos muito relevantes, pois conhecemos várias pessoas que vivem desta forma. Dividem seus dias em um tripé de 8 horas de trabalho, 8 com a família e 8 para dormir, claro que não tão metodicamente assim pois não estou levando em consideração os fatores externos.
Porém Walter foi diagnosticado com câncer pulmonar e entrou em desespero existencial por não querer deixar a família passar necessidades após a sua morte. Neste ponto separamos as pacatas pessoas que se lamentariam pelo seu estado e os raros Walters Whites, e é aí que nos deparamos com o desejo mais intrínseco do nosso ser, em querer vencer as dificuldades impostas pela sociedade e a nossa “pureza” ético-moral diante da morte.
A mortalidade exige em muitas culturas uma prévia preparação ética, que leva a um medo arraigado, internalizado em muitas pessoas fazendo com que não tenham coragem de tomar atitudes como a de Walter White. Ele se transformou em um fabricante da metanfetamina mais consumida do país, destruiu vidas, matou pessoas, realmente se entregou ao crime de tal forma que seu nome já não era mais Walter, mas Heisenberg.
E nós, na nossa humilde vida, admiramos, exaltamos e amamos um criminoso, por ele ter a coragem de agir conforme tudo o que gostaríamos de fazer. Porém somos hipócritas o suficiente para dizer que foi apenas uma trama e que não era real. Entretando esquecemos que dentro do nosso ser, arde a eterna vontade de deixar de ser Walter White para nos tornarmos Heinseberg, destemidos, corajosos e imortais nas lembranças, assim como Aquiles.
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